HOMENAGEM AO LIVRO
HOMENAGEM AO LIVRO
Livro é feito lugar e pessoa
tem cheiro também.
Livro lusitano cheira a Lisboa
Livro novo cheira a livraria
Ele, usado, cheiro do dono.
E quando emprestado, o cheiro varia
Tem cheiro doente
o livro mal cuidado
dum jeito dolente
Os livros de poesias,
como se fossem jardins,
cheiro de flores
E os livros de romances ?
de vez em quando,
um cheiro de amores
Depois da andança,
o velho livro
tem cheiro de lembrança
Livro perdido, maldade,
traz cheiro
de saudade
E o livro grosso ?
cheiro forte
de preguiça
Eu sinto cheiro
de livros estrangeiros
odor forasteiro
O livro infantil
tem cheiro
de criança
Livro de publicidade
tem cheiro
de criatividade
Livro de suspense
o odor
é medroso
Livro de macumba,
parecido cheiro
de encruzilhada
O livro de matemática
tem um cheiro
incalculável
Mas . . . e o livro científico?
Ah ! tem cheiro
de sabedoria
Um professor falou
que livro de português
tem cheiro gramatical
Livros de idiomas ?
tem cheiro-sabor
de língua
Livros de filosofia?
tem o conhecido
cheiro da dúvida
O livro de medicina,
de olho fechado
cheiro de remédio
Livro espírita
é invisível
ao cheiro
Livros religiosos
tem cheiro de igreja,
de vento de convento
Livro de auto-ajuda . . .
o cheiro
é solidário
Livro de engenharia
o cheiro fica
nas alturas
Livros de Direito
tem direito
a qualquer cheiro
Os livros
de história,
cheiro passado
O de receitas,
essencialmente
culinário
Livro de Odontologia
tem um cheiro
evidente
Livros de aventuras,
o cheiro desafia
a dor
Na livraria,
todos os livros, à venda,
tem cheiro de ânsia
para se ler de uma vez,
para sentir cada cheiro,
folheando devagar.
24.11.2011 - Recife - PE