ESPÓLIO

ESPÓLIO

Começo a fazer contas

Ao meu espólio

Já cumpri o monopólio

Dos meus dias de desencanto...

Já nem o espanto

Do teu amor

Consigo suplantar

E no entanto...

Como é bom saborear

A tranquilidade

Dos meus olhos fechados!

Passam na tela do meu interior

Todos os meus dados

Tantas vezes registados

A golpes de tanta dor...

O tactear felino

Dos teus dedos

No meu ventre...

A exótica corrente

Que transmites

A todo o meu lascivo corpo,

Fazem-me quase

Parecer morto

De tão vivo!

Continuo estático

Ao contacto dos teus lábios

Deleitam-se os meus olhos sábios

No incontido prazer

De não se deixarem ver

Nem violar...

Ah! Meu amor

Nunca te irrites

Aproveita e sonda

Todos os meus limites

Eu serei a onda

Que quiseres...

Monda

Como puderes

A terra bruta, tosca, rude...

Todo o meu corpo

É leito de vulcão

E a lava que me abrasa

Solta-se amíude...

Um toque mais

Na juventude

Dos teus seios

E não haverá meios

De suster a atitude

Incontrolada

Do furacão que há em mim...

Solto-me sim!

Ah! Se me solto

Todo eu me revolto

E choro, e grito...

E quase morto,

De tão vivo,

Mergulho no mar alto

E infinito

Do teu corpo!

ressoa
Enviado por ressoa em 13/07/2005
Código do texto: T33671