Em terra estranha

Atravessando antigas ruas

quase esquecidas...

persignando-me

diante da velha igreja,

mesmo sem fé explícita,

prossegui...

Por que voltar, se o destino

era seguir em frente?

Por que duvidar, se os humanos

não mais surpreenderiam

este cansado coração?

Certamente, braços acolhedores

esperariam ao final do corredor.

E tudo seria tão diplomático

como são todos os reencontros

inofensivos...

Tudo seria como reunir-se

amigavelmente, fraternalmente

em torno de uma lareira

inexistente...

enquanto lá fora,caísse uma neve

imaginária...

E, ali dentro, entre amáveis risos

e o caloroso fogo do reencontro

viria o pedido tão inesperado

intempestivamente jogado, sem temor...

(coisa de quem nada tem a perder).

Poucos segundos...e toda cena...

o fogo acolhedor...tudo em volta

se transformaria em estranheza...

País estranho, terra estranha...

Esperada resposta.Caminho de volta.

"Eu faria, eu diria, eu seria"...

toda coragem que me foi negada.

Mas, isso tudo "seria" apenas

num tempo condicional...

Se houvesse lareira, se houvesse neve...

se houvesse empatia...

além da proverbial e humana

simpatia.

Mareluz
Enviado por Mareluz em 04/12/2011
Reeditado em 04/12/2011
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