Que triste realidade...

Que fado te apoquenta o fundamento;

Diz-me, que fado cantas pelas trevas

Dos passos naufragados, e relevas,

Na morte, um voo mais altivo que o alento?

Que fizeste do meu ínfimo canto,

Ai diz-me, sim, diz-me onde o enclausuraste;

Ou em que vales cerúleos confinaste

Os mares ululantes do meu pranto?

Por quem chora a tua alma?! Diz-me, enfim,

Por quem derramas lágrimas salgadas

Ou p'ra quem cantas mágoas afincadas

Se essa tua dor, também, dormita em mim?

Quem de mim te levou, quem te colheu;

Diz-me, quem te levou c'o verso meu?...