CANTILENA CAMPESTRE

Toda vestida de azul, ela caminha no sonho. Não sei de quando desperta; nem do portal que transponho...

Na névoa desse luar, na poeira das estrelas, a palha do milho maduro, a terra cheirando a chuva...

Quem sabe de tal sonhar, supõe que consegue vê-las; as promessas do futuro, a colheita de candeias.

Uma pequena andorinha, ao seu lado revoava e nas mãos comer, lhe vinha... Não! não era sua escrava.

Naqueles campos de milho, a luz da Lua se espalha; nos caminhos por que trilho, todo o milharal farfalha.

Com o brilho das estrelas, por onde o sonho se escoa, polvilha as luzes mais belas e talha o céu de garoa.

Para ali os reis já vêm, buscando a presença atávica. A noite sabe a Belém, distante, mas sempre mágica.