Morte
Morte?
Impiedosa Morte?
É tua imponente voz que escuto?
Por favor, digas que estais aqui
Imploro-te por uma única resposta
Estais a me procurar?
Fecho os olhos e docemente teus sussurros inundam meus ouvidos
Oh... meu nome nunca pareceu mais suave
Leve-me deste imenso jardim de espinhos
Conceda-me o eterno descanso no teu túmulo sagrado
Ou a tua companhia assombrosa pelos terríveis infernos
Mas não me abandone neste ilusório paraíso
Com prazer, sinto tua mórbida presença
Em minhas costas nuas passeia o teu gélido suspiro
Em êxtase, meu corpo aguarda teu mortal abraço
Surpreendo-me... que calor é este?
Oh, Morte... por que teu toque de tão ardente queima minha pele?
Por que não estais sugando o resto de força que ainda possuo?
Viro-me assustada... e logo perco o pouco de razão que ainda sobrara
Como posso me confrontar novamente com tão familiar inimigo?
Ora, não me perturbe mais!
Anseia por outra vitória?
Onde está minha Morte?
Quero seu rosto pálido...
Preciso de seu ar fúnebre...
No entanto, vejo um belo rosto que me fere com seu largo sorriso
Não, Vida... não!
Não me machuque com sua alegria e seu otimismo
Não tente avivar a esperança que sepultei
Deixe-me ir...
Deixe-me a sós com meu triste destino
Quero ainda hoje repousar na morada de minha Morte
Pois assim encontrarei a paz que busco
No abismo sem lágrimas de minha alma