A BARCA DE DANTE





O que guardam as águas escuras,
sob os pés do viajante da noite?
Tem sobre a cabeça a dor da verdade,
e o corpo oculto no azul adormecido.
Ergue-se a mão direita da farsa,
para uma esperança deixada lá fora.
Enquanto aquele que guia o insulto,
abate aos imersos de moedas perdidas.
A luz é indiferente ao medo,
e como estátua de brancura passageira,
diz que melhor seria não ter nascido.
Mas sendo estes os olhos da poesia do espanto,
liberta de seu oculto estado de fantasma,
a razão de ser do inventor da simetria.

É sempre noite, é sempre desconhecimento.
Perante as cores da nação perdida,
perante o fogo da ilusão da vida.