TAL QUAL UM ESPANTALHO

Sinto-me como um espantalho,

Que embora recheado é, entretanto, totalmente seco,

Desde que elas minhas cativas lágrimas secaram.

Companheiras de tantos momentos foram-se.

Deixando-me apenas esse estranho sentimento,

Resultante da mescla de inércia e indiferença.

Semelhante a um espantalho que em meio a tanto

Prossegui inerte e indiferente, assim me encontro,

Também, sem elas minhas companheiras cativas.

Amedronta-me esta sequidão!

Pois são para mim as lágrimas, a expressão pura dos sentimentos, que já não podem ser contidos pelo coração.

Na tristeza abrandam e desafogam a alma e na alegria

são explosões da mais ardente satisfação

Quero chorar pelo espectro plasmado pelo meio famélico, que me transformei. Contudo já não consigo.

Tolheram-me, as conveniências, todas as minhas lágrimas

E assim tal qual a um espantalho tenho que seguir afugentando minhas emoções.