Véspera

E para ter os sonilóquios

que te assombram

e a linha tênue

em tua íris desenhada

e os cabelos prateados

de uma maturidade precoce,

e a mansidão sagaz,

adormeço.

Devaneio que velejamos

a breve espaço

um do outro e, nas vagas,

os subterfúgios se diluem.

Somos sonoras âncoras.

Debruço-me nas janelas espadaúdas

e olho a marina encantada.

Para dentro do peito

a ansiedade púbere:

meu destino me trai!

Então oscila-me o luzeiro

à mercê do teu sorriso.

Meu destino me trai!

Emudeço, fico casta.

Soa meia noite

de velas e alabastro.

Lá fora tudo londrino

e medieval.

Enquanto há cruzadas

adormeço

e me vês

e nada há de cristão

no teu olhar.

claudia lidroneta
Enviado por claudia lidroneta em 30/12/2011
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