Véspera
E para ter os sonilóquios
que te assombram
e a linha tênue
em tua íris desenhada
e os cabelos prateados
de uma maturidade precoce,
e a mansidão sagaz,
adormeço.
Devaneio que velejamos
a breve espaço
um do outro e, nas vagas,
os subterfúgios se diluem.
Somos sonoras âncoras.
Debruço-me nas janelas espadaúdas
e olho a marina encantada.
Para dentro do peito
a ansiedade púbere:
meu destino me trai!
Então oscila-me o luzeiro
à mercê do teu sorriso.
Meu destino me trai!
Emudeço, fico casta.
Soa meia noite
de velas e alabastro.
Lá fora tudo londrino
e medieval.
Enquanto há cruzadas
adormeço
e me vês
e nada há de cristão
no teu olhar.