A Casa do pai

Não é fácil passar pela porta,

Não é fácil chegar de repente e ver um corpo que nem o da gente rejeitado no sofá da sala de estar.A gemer uma dor qualquer na cabeça; A tremer de frio de qualquer moléstia.

Meu pai...

Meu pai que partiu, que nos deixou na casa da avó pelo cio.

Meu pobre pai, cuja rainha do lar, não é nossa mãe...É ou foi nossa madrasta.E cuida da saúde dele como quem cuida de um ninguém.

Não é fácil entender;

E como é dificil aceitar a situação, que ao redor nos encandeia...

A vida é bem difícil, pois não há nada na geladeira,

Não há televisão e nem cadeiras.

Não é fácil pensar no dia seguinte, quando o seu bônus é um salário mínimo;

Quando o seu ônus é uma doença tropical, motivo de mortes no recôncavo Nacional.

Ah meu pai tenha piedade desse homem, cuja labuta é bandeira de tantos outros filhos senhores.

Dá dó de ver que à linha do horizonte, você e eu, já fomos bem mais que companheiros.E que agora pela sua escolha, sou uma filha, num quintal, num mural bem longe de tuas vistas.

Não sei o que quer dizer essa escrita...se é bem ou maldita.

Só sei que hoje sofres calado as dores de um passado, que em teu sorriso cansado teimas em negar.

Só sei que apesar dos erros, da tua indiferença e dessa molêstia que não quer te deixar.Vim aqui para te dizer, que em meu peito ainda há lugar para te amar.E que se não tiver outro jeito de você entender,volto aqui para te falar em silêncio, na paz que os segundos de vida nos permite.Pai a cada dia, eu amo você.

Alberto Amoêdo

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 09/01/2007
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