Fantoches

Motivos que justifiquem porque não fui vê-lo,

tantos encontrei no arsenal de minha razão.

A dificuldade do momento em ir até você,

pessoas que me cercam e exigem atenção.

Motivos razoáveis, justos, confortáveis,

desfilam na passarela da lógica justificável.

Mas agora os afasto bruscamente

como fantoches inúteis e inconvenientes.

Desejo saber o verdadeiro, oculto, patrão

que secretamente comanda meus atos

e que abala a minha alma, covarde,

disfarçado de inocente num canto do coração.

Entro, sorrateira, corajosa, decidida,

num labirinto de confusas emoções,

e me perco na neblina morna, densa,

que ofusca a visão e abala as decisões.

Sento num canto frio daquele tormento,

preciso recuperar o fôlego e a sobriedade,

acalmar o desassossego da alma desnuda,

afinal, de que me serve a verdade?

Volto pisando sobre meus passos marcados

na poeira dos meus sonhos, sufocando meus ais.

Chego à luz do lado de fora de mim, resignada.

Respiro o silêncio dos segredos segregados

e olho os fantoches ainda a postos, serviçais.

Sorrio complacente. É eles, ou nada.

Lídia Sirena Vandresen

Lídia Sirena
Enviado por Lídia Sirena em 02/01/2012
Reeditado em 03/01/2012
Código do texto: T3418428
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