APARÊNCIAS
Às vezes eu queria explicar tudo o que sinto
Mas nem todas as palavras são capazes disto
Não há mais tinta o bastante em meu coração
Sinto que ele secou, as lágrimas ainda não
Não consigo escrever como antes
Eu que amei tanto e amando não economizei
Gastei o sentimento até a última gota
Bastava olhar em meus olhos
Estava lá pra quem quisesse ver
Todo o brilho do sol nascendo
Todas as cores do arco-íris
Minha pele era aquecida por certezas
E meu desejo estava florescendo nú
Tudo em mim era simples e belo
Eu podia atravessar o deserto descalça
Hoje depois que caí na real
Depois de despencar dos teus braços
E tomar consciência em goles duros
Vejo que não sei mais nada
Tudo parecia concreto e ainda assim se quebrou
E quebrando me feriu de um jeito
Que não consigo explicar
Pensar que tudo parecia eterno
Mas é o que dizem:
Aparências enganam
E ninguém vive delas
É bem feito para este tolo coração
Que cismou de atravessar as águas
E se agarrar a um sonho
Como se fosse possível
Escrever na pedra: foram felizes!
Mas na vida existem muitas voltas
E um dia eu vou te olhar
De um jeito sem significado
Você terá perdido o encanto
Nesse dia saberás o que é
Ter perdido as cores
Neste dia, não terás nome
E eu terei de volta:
Bem mais do que palavras
Romperei o silêncio
Com meu coração
Repleto de novos sonhos
Carregado de novas tintas
Escreverei na velha lápide:
“Aqui jaz a nossa história.”
Elaine Spani