"Nada"

O sol incandescente de um dia qualquer

Transforma em cinzas tudo o que havia

Tudo o que existia, tudo enfim

Transforma em cinzas

O azul do dia...

E os anjos e as almas

Se esbarram, num trânsito

Infernal que nesta hora

Encontra-se no céu tempestuoso.

O relógio na parede esta parado

O tempo se desfez

Não há mais calendário

Apenas medo e atrocidades

E um talvez.

Não há mais divisão

De terra e águas.

Não existem marcações de território

Os continentes voltaram a estar ligados

Dançamos agora em meio a um velório.

Vê-se ao longe uma fila quilométrica

O começo dela encontra-se na Europa

E o final está perdido entre as Américas

E os olhos vidrados

E que miram

Dois pontos semi-sem-equidistantes

Segue-se a marcha a passos bem marcados

Ao longe soam mil auto-falantes.

Balburdia, balbucio em vão palavras

Desconcertantes, descartáveis, desconexas

O meu destino está escrito em algum livro

E as recomendações seguem anexas.

E o fim, e ao fim e enfim

Cheguei aonde devia ter chegado a muito tempo

Porém foram tantos os contratempos...

E o vento quente corta igual navalha

Encontro-me no inicio do caminho

E daqui vejo a linha de chegada

Procuro em vão o aconchego e chego

E encontro a vida embriagada...

Penso em dizer-lhe

Mil verdades

O corte aberto ainda sangra muito

Acabo então pronunciando

Nada.

Weverthon Siqueira
Enviado por Weverthon Siqueira em 03/01/2012
Reeditado em 09/07/2020
Código do texto: T3420287
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