Esquecido

Pelo tempo que passou,

Pelas dores que gememos,

Pelo sangue que debutamos,

Pelas razões que choramos...

Por tudo que abominamos,

Silenciar mais uma vez é omissão.

Parece que perdemos a capacidade de nos envolver, de discutir.

E sentir a nossa miséria e a do povo na alma.

Parece que não vivemos mais a situação,

Drogas, sexo, paz, amor e religião.

Perdemos a nacionalidade de querer entender,

De nos responsabilizarmos pela política,

Pelo crescimento da nação.

Os anos são diferentes,

Mas os homens...

Que poderiam mudar o mundo,

Acovardam-se no colo do prazer,

Do individualismo do ser.

Não querendo dividir,

Fazer o sonho sair da realidade.

Escondem-se nas roupas de marca,

Nos carros de luxo,

Nos empregos de executivo.

Muitos se deixam tragar pela inercia.

Aceitam aquilo que o Estado não se cansa de dar,

Ganhando sempre a força de nossas entranhas.

Compram suas acomodações enlatadas,

Vendem suas tristezas e mágoas.

Preferem ficar alheios as participações sociais,

Para não chorar nunca mais.

Mas é de lágrimas, que não precisamos.

Precisamos de consciência,

Precisamos de decencia,

Precisamos de amor próprio para mudar os nossos iguais.

A idéia de luz, na cidade,

Pode discorrer à escuridão total.

Se não nos atermos a mudança,

Se não passaremos de conivencia

A benevolência será sempre a dor.