A cartola mágica (ou O terno Jil Sander)

Tudo irá começar novamente,

assim que eu reinventar a luz,

quando estiver novamente de pé,

falando com minha voz emprestada

para um mundo de poucas crenças.

O azul nasce do segredo,

e está seguro em minhas presas.

É meia noite e onde vai agora?

Somos crianças num livro de histórias,

hostis senhores de um destino duvidoso,

onde todos vão embora para longe,

cada um com sua flor do desconhecimento.

Tecnologia para ver as pequenas coisas,

alucinógenos para curar a peste,

ratos para consumir memórias amareladas.

É uma repetição eterna e é um jogo,

onde os fios prendem os pés ao chão,

mesmo quando suas costas sangram

e nascem as asas de ave de rapina.

É uma repetição de minhas fórmulas,

cheias de incógnitas flutuantes,

de alucinações de grandeza extrema,

de bonecos falantes e abutres sem nome.

São todos projeções em azul vintage,

e só quem sabe da ilusão das feridas

é o vértice estranho da memória,

sobre tudo e sobre a vertigem da queda.

Não paramos a carnificina,

somos os senhores do deboche vestido de dor,

ingleses até os ossos,

e habitantes de país nenhum.