Pureza

Esta pureza a arrebatar-me o peito,

Desperta no descanso a claritude,

Esta vil cousa que em sua longitude,

Impetra e fere as orlas de meu leito.

Este bem ao meu ser mui mal tem feito,

Esqueço, mas a tua imagem alude,

E mesmo em silêncio ainda não pude

Calar este grito desmedido que rejeito.

Exumas-te as mil flores de meu pejo,

Fez-me do espírito frio, forma casta,

Num verso único, em feitio e arpejo.

Teu ser cerca-me, e o meu, de ti se afasta.

Não por medo, e sim, por meu desejo...

Que pra tanta dor um peito (só) já basta.

Myrna RRP
Enviado por Myrna RRP em 10/01/2007
Código do texto: T342854