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Isabela odiava ser mortal.

E por várias vezes tentou se matar para resolver seu problema.

Nunca conseguiu.

Quando quase pensava ser imorrível.

Percebeu que tinha um coração.

E que o danado acelerava toda vez que avistava o Pedro.

Já sem tempo, ela suspirava na janela.

E não tinha hora.

Era de manhã, com a camisola amarela.

Era à tarde, segurando sorriso no canto da boca.

Era à noite, disfarçando com pigarro desajeitado.

Então Isabela decidiu que precisava viver para sempre.

Pois uma vida não daria.

Um dia acabaria criando coragem.

Contaria ao Pedro do seu sentimento.

Há meses vinha treinando em frente ao espelho.

Gaguejando.

Coitadinha.

Beijava o punho fechado.

Imaginando os lábios do amado.

A verdade é que Isabela já não tinha mais paz.

E tinha saudade de quando queria somente morrer.

Saudade de acreditar que um dia conseguiria.

A vida tinha mais graça quando incitava a morte.

Agora, Pedro lhe despertara o amor.

E isso lhe fazia querer viver.

E não precisava mais de razão alguma.

Ana Maria de Queiroz

10.I.2012

Ana Maria de Queiroz
Enviado por Ana Maria de Queiroz em 11/01/2012
Reeditado em 11/01/2012
Código do texto: T3433868
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