POEMA CURTO

Ruas obscuras, espelhos obtusos

no paralelepípedo de meus olhos;

tudo é escombros, latir de cães,

quando a noite acende candeeiros

e põe asas de insectos onde a luz é

mais crua, numa realidade que se

quer concreta, no grito lancinante da

palavra, erguendo-se, qual gume de faca,

de entre o secretismo dos degraus,

sujos, impuros, com setas nos braços,

quais estátuas amputadas, vertendo

seu sangue no alcatrão das estradas,

nos bueiros, depois já rios distantes,

e a voz é um eco do que ainda não

se disse, o que só as montanhas conhecem,

o que nas árvores estremece, por um

raro sopro de vento, filtrando a palavra

que se perde na noite, se a lua não

vinga no palato, na saliva fria das paredes,

da tão ansiada liberdade.

Jorge Humberto

10/01/12

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 12/01/2012
Código do texto: T3436415
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