Por amor, por perdição
Amo-te...
Como um barco que incendeia oceanos
Com as velas de ígneos desenganos
E apaga os vestígios da passagem
Dos ventos que lhe ferem a viagem...
Amo tanto...
Que não vejo o sentido das tormentas
Nem prevejo as marés que violentas
E me entrego ao suplício do naufrágio
Em nota descendente de um adágio.
Amo assim...
Como quem se perde ao largo e não quer
Crer nos céus, no universo ou saber
De excelsos e ínclitos astrolábios,
Oferecendo à dor os próprios lábios.
Amo, enfim…
E o beijo que te dou, cego e sem norte
É rota que me traça a própria sorte,
É o porto onde ancora o meu destino…
Será, no fim do (a)mar, mortal desígnio!