DE REPENTE.

De repente o tempo trava

o vento emperra, o ar estanca.

Tudo parece ficar morno, zonzo, capenga.

As cores se acinzentam, o gosto fica turvo,

o tato fica seco.

De repente o desejo fica manco,

as mãos ficam vazias, o coração padece de vontades.

De repente o vá vira fica,

a camisa fica apertada, a veia parece não ter fim

e nem começo.

De repente o gozo fica aguado, a fronha fica encardida,

o beijo vira ermitão.

De repente a visão coalha, os pés se ancoram pra sempre,

a dor entra em cena pra nunca mais cair fora.

Dá vontade de virar pó, virar fuligem, virar nada.

É como se todo o sonho tivesse seus véus estuprados

pela terra seca da vida.

É como se nada mais valesse a pena.

Então viramos o jogo.

Vamos catar nos confins mais confins

o sangue retido dos vencedores.

Vamos buscar nas entranhas mais bizarras

o gás pra nos levar de volta à vida.

Então nos parimos de novo, com a certeza

de que o que passou, passou, foi, já era.

Então retomamos o nosso quinhão

com as garras afiadas e ferinas que

sempre tivemos.

E assim seguiremos em frente até sempre,

até o fim.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 17/01/2012
Reeditado em 17/01/2012
Código do texto: T3445816
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