MANCHETE
CAMPO ABERTO
MANCHETE
E não lia ainda jornais
porque a lua inda brilha cheia
em meio de nuvens passantes no céu
trazendo para os campos - esperança
de um verde negro misterioso macio
para um pássaro gigante cortar o visual
com um simples e belo vôo rasante
trazendo para dentro do meu ego
uma outra imagem, uma outra situação
porque fumava cigarro industrializado
um mal hálito suculento amargo
trazia os desabores escatológicos
de uma razão profunda - intensa
de tragar mais uma bebida forte
para o excitante preparo-químico-alcoolico
trouxesse a esperança euforica
para depois entrar na depressão
de um frevo pós-carnavalesco
com pensamentos soltos, não estéticos
quase aminéticos - quase loucos
porque o mundo é grande e belo
e eu ainda estou aqui, parado e só,
porque os automóveis se movimentam
poluíndo o ar - o silêncio
ferindo a terra, sangrando o chão
e eu ainda estou aqui, parado, só e triste
porque o sol vermelho - amarelado
não é mais amarelo, nem rubro
porque as usinas atômicas
as distorções anti-naturais
porque a industrialização analfabética
porque a prisão, a depressão, a pressão
porque o rio navegante de estimação
ficou poluído, virou escape de destroços
porque os amigos não são mais amigos...
Por que, porquê, Por qual?...