Fazeres

Mais não faço

Mas te abraço

Quando sinto

Teu braço

Gelado

Desvirtuar meu passo

Eternizado na calçada

Da velha praça

Visto da sacada

Do velho paço

O que faço?

Estás sempre ao meu lado

Apenas amo quando vens

Na calada da noite

E em teu veneno doce

Me tens

Me bebes afoita

Como se eu não fosse

E em minhas feridas

Profundas

Teus filhos bastardos

Fecundas

Pela manhã

Te nasço

Em minhas cinzas

Podres

À medida que me morro

E me deito

Lentamente

Amiúde

Em teu ataúde

De ouro

A regar tua semente

Entranhada em minha pele

Latente

Sol e idade

Solidão que parte

De mim

E eu cada vez mais a

Amar-te

Enfim

* Margô Antunes

12/01/07

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* Margô Antunes é pseudônimo de Marcelo de Andrade