O julgamento de Radamanthys
Filho do céu que me viu passar
por essa vida como um petardo.
Sou teu inverno, tua redenção,
sou também filho do touro
que roubou aos fenícios, Europa.
Faça as leis acima e abaixo,
e entenda minha forma de inventar.
Canto com urgência, pois a vida é breve,
danço mais lento, pois o lamento convence.
Eis o filho de muitas eras já mortas,
reconstruídas e que vieram dar aqui,
um nome contido no outono da vida,
maior que os insetos, menor que o fim.
E que fim darei à cartola do mágico,
de onde saem os fractais da vida,
é o que me aguarda nos confins da terra,
quando o juiz vier até mim.
Em frente e sempre fluorescente,
só Deus sabe, o que dirá das horas.
Sei que agora o afresco está pronto.
E no lugar de anjos de uma catedral
repousam os três juízes do abissal.