Poesia num mundo que desaba

Poesia num mundo que desaba

flores de plástico vomitadas

por morcegos de ferro

cúpulas do poder

gargalhando esfíngies

tênue fio da corda

atado ao pescoço de barro

cai um mito depois do outro

santo do pau oco

toco de vela sem luz

oceanos revoltos

se voltam contra insanos mortais

maremotos de versos

levam pra longe o poeta senil

Do canil abrupto

soam lobos descalços

no encalço da última donzela

partem homens de jade

têm os rostos febris

olhos ateus ateando fogo à água

égua voadora que leva pra longe

a fome a sede o desejo

tudo no mesmo saco vazio

se despede do mundo

Enquanto as torres de marfim

uma a uma trinem felizes

o doce canto do fim

Paulo Luna
Enviado por Paulo Luna em 29/01/2012
Código do texto: T3469010