[“-O mar o levou”]

Apresentando O Transversal

“La Folie, Lydia the Tattooed Lady, dos irmãos Marx,... das viagens, das estações do ano, das partidas e de alguns regressos...”

das viagens e de alguns regressos...

Tantas as tatuagens na carne

que o corpo pintado, a negro,

se escondia sob a capa

dos traços,

como o rosário do peregrino

gasto pelas benevolências

invocadas, aplacando iras

desconhecidas,

flutuava o corpo pirata do

navegante nas águas quentes

de uma corrente salgada.

Quis a morte solitária, jazendo

no mar que o cobre como um

manto de linho azul,

corpo que segue as rotas

das marés,

e das conquistas e feitos,

abrigam-se no fundo do mar,

arcas, especiarias, cartas,

até tridentes ferrugentos.

Chora algures uma prostituta,

entre brindes carregados de

vinho, “-O mar o levou”,

cantará em sussurros na noite

escura de uma viela escondida,

amaldiçoando o sonho,

amaldiçoando a paixão.

Das viagens que continuarão,

sem destino, com destinos,

sem remorso, com remorsos,

[ou saudades, com saudades...]

ilhas desertas brilharão

no deserto do bravio mar,

quais oásis,

e das manhãs, visões sem fim,

reflexos solitários das noites

intermináveis de inverno,

repetir-se-ão os sons surdos

das aves migratórias,

repetir-se-ão as danças das baleias.

Nkisi
Enviado por Nkisi em 31/01/2012
Código do texto: T3472273
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