Alfaiataria

É a revolta de um prato vazio de tudo,
cheio da fome e de apenas uma verdade:
o futuro não só não está escrito,
como nunca será o presente por vontade.

E do presente apenas tenho a minha lição:
Um cavalheiro jamais, de suas próprias dores,
fará nascer o desespero pelo que, impossível,
pertence a outro tempo, de falecidas cores.

Elegância nascida de poucas frases,
de cada frasco guardado no devido lugar,
de um andar resoluto e da sabedoria calada,
pelo simples fato de se saber amar.

E amar não tem de caos nem de arroubo.
Tem de meu silêncio, e minha arte.
Escrita pela dança de minha mão direita,
e vigiada pela minha mão esquerda,
até que eu morra, mais cedo ou mais tarde.