Viver de Poesia
Como pode um poeta
Viver de poesia?
Se não tem outra meta
Como ele poderia?
A poesia é seu hausto
Que entra pela narina
Sem nunca deixar exausto
O amor de sua sina
Sem a dor poética
O poeta não se inspira
Pois sua dor, sua ética
Vem do fogo, da pira
De sentimentos profundos
Que brotam do espinho
Da alma, oriundos
As dores do caminho
O poeta não reclama
Pela dor que passa
É sua fortaleza, sua chama
De fome tão grassa
Se o poeta não é rico
Nem vive de seu amor
Ele seria um nanico
Se não brotasse sua flor
Nada mais lhe fascina
Que os versos antológicos
Dedicados à menina
Dos seus olhos góticos
Como um guardião valente
Sem a rica poesia
Ele seria tão impotente
Como um eunuco seria
Não pode um poeta sublime
Viver sem cada estrofe
Do seu poético regime
Sem o qual, tudo sofre.