DE MUDA

A vida segue,

por pura nescessidade, pura vaidade,

a despeito da verdade que não basta,

do desabafo que abala e não cala.

A vida segue,

segue em vida com uma pose intacta,

arrogante, de peito inflado,

enquanto nos pés os dedos se arastam no asfalto.

A vida segue,

sem muito do que falar, do que gritar

todo silêncio tem sua própia voz,

e na foz toda lágrima tem seu lugar.

A vida segue,

por onde precisa ir,

ela vai por onde cabe e onde tem que chegar.

Enquanto ao fim, ela o segue sem querer seguir.

Sossegue, que a vida segue, só segue.

Ewerton Lages