A vontade do Poema

O poema não quer explicação

-quer entendimento, quer curiosidade

quer indiferença mentirosa, quer crítica

não quer forma, quer construção

O poema quer presença, quer sobriedade

quer embriaguês, mas dispensa inspiração

Ele quer olhos, quer caneta, rabisco...

Fiasco... Ruína, risco... nada de borracha,

pois poema apagado, é poema anulado

e o poema rabiscado, é reformulado, reciclado

O poema quer poeta sujo de tinta

O poema quer poeta marcado de poesia

O poema quer poeta convicto...

O poema não quer forma indistinta

com aquela suave distinção da aristocracia

O poema quer identidade, não norma

E o poema tem querer, porque não pediu

pra nascer, tal qual os filhos da burguesia

Tem mimos, pois é a vil elite do saber

O poema é mimado, tem mau caráter,

tem personalidade, tem gênio forte,

vaidade, alma ruim e tempestuosa...

O poema tem pensamentos, tem vida

tem voz e palavras, e quer ser ouvido

quer proclamar aos mares e meridianos,

aos sete povos das missões, e ao país todo

ao mundo e aos homens, ao indivíduo

a esses cegos de idéias e sentido.

O poema também quer ser notado...

Dianaluz
Enviado por Dianaluz em 16/01/2007
Código do texto: T349347
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