Secura
Perder-se do mundo é viver,
Viver assim, bem calmamente
sem a pressa vaga de integrar-se
Quando se integram
os homens desintegram-se
Entregam à terra dura
a alma, antes de morrer
Terras secas, Vidas Secas,
almas secas, Folhas Seca
vozes secas, fontes secas
Aridez de um coração
Na janela, reflexo fosco
nuvens brandas,
mentes vazias de tanto pensar
corpos cambaleando,
ébrios de realidade...
Mas é verão na cidade
É uma pena que assim seja:
Severina
essa penúria de todo sertão
e da vida citadina.
Latifúndio da felicidade,
Labuta eterna, eterna escravidão
venda nos olhos, olhos a venda
confotável miséria na caverna
Sol, lua nua, ser...
legado deserto,
realidade desconhecida,
fragmentada,
chamada vida.