Senhor poesia



Me cansei de tanta coisa na vida,
que nem posso mais me lembrar.
Me cansei de quem assalta a lua,
pra fazer um poeminha bem vulgar.
Me cansei de quem traduz a vida
com palavras bobas só pra rimar.
Olha eu aqui fazendo o mesmo,
só pra você também me odiar.

Ofereço a maior prova de amor,
este fogo que arde sem se ver:
minha bunda exposta sem pudor,
já que não pode me entender.

Chega de rimar toda essa merda,
chega de metrificar minha incompetência.
Não sou poeta. Sou um atleta.
Fabrico meia duzia de insanidades,
pra cada dia que estou sobre a  terra.
Você pode me comprar por 1,99,
me levar pra casa e usar como peso de papel.
Será o objeto de gosto mais duvidoso da casa,
junto com o quadro que combina com seu sofá.
Mas será que você merece todo esse mal?
Eu impresso, editado e censurado?
Ora, não pense. Pra isso você não foi treinado.
Me use como um tapa-buraco,
ou como antídoto para amigo chato.

Quer entrar em um coma eterno?
Continue me lendo e engolindo.
Mas se quer ver o que é o mundo lá fora,
desligue essa porra e vá se jogar no abismo.
Vergonha na cara, eu não tenho.
E você? O que vai fazer comigo?


EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 12/02/2012
Código do texto: T3495516
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