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(DES)CONSTRUÇÃO
 

Muitas vezes vaga solto o pensamento,
na medida do compasso do meu passo.
Crio imagens que eu cultivo, que eu invento,
todas elas ao alcance do meu braço.
 
Força e ritmo me reviram pelo avesso,
desmonto as emoções, construo o traço,
escolho cada lembrança – eu bem mereço,
tua imagem eu retoco, eu refaço.
 
De repente (de onde vem?), me sopra o vento,
meu desenho se desfaz, logo se parte.
Não tenho como lutar, então me rendo:
perdi tempo e, também, a minha arte.