Addict

Fazer poemas de esteiras rolantes,
de como meu traseiro balança,
faz com que você pense que sou louco,
faz com que você queira me salvar.
Mas quando estou em fuga,
eu estou bem.
Sobre microscópios, sobre garotos,
sobre tabelas periódicas,
eu tenho a palavra certa quando acordo,
porque isso aqui também é sonho.
Porque sonho não se faz de brilho.
Sonho se faz de treinamento.
Sonho se faz de músculos.
Eu nunca serei o mesmo.
Nem você saberá o que vi.
Pode ouvir minha voz?
Está com medo de eu não existir?

Por que se grita tão alto?
É a distãncia que nos separa?
É o abismo onde estamos?
Sou holografia de sua mente insana.
Sou projeção nos campos de Deus.
E você realiza o que há de pior,
porque eu nunca vou parar.

E quer mais, e mais e mais de mim.
Quer me ver retalhado sobre uma mesa,
para que depois, ao mastigar minha carne,
tenha a ilusão de que tudo voltou ao normal.
Mas minha carne é nociva e podre.
Quem comer de meu corpo,
sentirá a fome eterna.
Quem beber de meu sangue,
saberá que nunca poderá ser eu.

E sobre postes, semáforos e pianos,
sobre o tom sépia que o universo tem,
só posso dizer: sinto muito.
Não sou eu. É a crueldade que me torna assim.
EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 13/02/2012
Reeditado em 13/02/2012
Código do texto: T3496739
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