Hipoteticamente

Hipoteticamente

Se eu lhes roubasse

Os ditosos olhos

E os colocasse

No lugar dos meus

Que poderia, então eu ver?

Talvez, eu pudesse

Ver um bocado

Do vicio que aquece

Este teu descontrolado

E frenético coração

Talvez, eu pudesse

Ver os traços sutis

A silhueta branda

Deste teu mistério

Desta tua ciranda

De dor e tristeza

Que te impedes

Em absoluta certeza

Que me percebas

E que me ames...

Se fossem prismas

Talvez, eu pudesse

Imputando-lhes luz

Ver os reflexos

E saber, o tom dos amplexos

Que deveras anseias

E que, muito nos comprazeria!

Eu saberia também

O real gosto do sonho

No teu íntimo desejo

Teria o prognostico

Dos perfeitos beijos

Que delineiam, todas virtudes

Nos lábios teus

Hipoteticamente

Tu és, em invariável forma

Em indubitável razão

A mulher não-efêmera

Como todas que já foram

E como todas, que ainda serão

Se tu não vieres, pra perto de mim!

Hipoteticamente

Tu és, extraordinariamente

A mulher, dos sonhos meus!