Pseudopoeta [Naif]

Sou poeta pseudo,

Ralo nesse feudo...

De frases ocas.

Curral dos intelectuais,

Onde Narciso é deus-pai...

E beija a mão a própria boca.

Essas palavras rebuscadas,

Foram buscadas...

No mais frio dos léxicos.

Pra rechear o churro,

Com o qual empanturro...

Tímpanos anoréxicos.

“Poeta” é só um título,

Que trajei no vestíbulo...

Do orgulho.

Nada me acresce,

Nada me aquece...

Nesses infindáveis julhos.

Sou desregrado, ordinário,

Obra de Bispo do Rosário...

Ultraje ao português.

Sou erro sem rasura,

A mais jocosa caricatura...

De vocês.

Antes de eu escrever,

Já me expressava pelos cotovelos.

Poeta? Sou antes de “ser”,

Mas não faço a mínima questão de sê-lo.

Mecânica asfixia.

Heterodoxia...

Não existe na ABL.

Indômito,

Despejo vômito...

Em seus Best-Seller.

Agora não há quem sele...

Os manos. Os manuscritos marginais.

Zé-Ninguém é icônico,

Anacrônico.

Não saíra dos anais.

Você não tem moral pra dizer, o que ou quem sou.

A "santa trindade"

Desses Andrades,

Jamais me abençoou.

Naif?

Para os patifes...

Literatura malsã.

Se dependesse, desses... Tinha dormido,

Mordido...

A maçã.