MUDANÇA

Estou farto do tempo de clausura,

Das janelas fechadas para o mundo

No viver, mais viver é o que perdura.

O cansaço (esse mal) é tão profundo

Estudar, trabalhar, que contrassenso...

Mas o jovem, em mim, quer ir mais fundo.

O que faço na vida, eu me convenço,

Pela força do tempo vai-se embora,

Escondido viver, que fardo imenso.

Entre as ânsias que marcam meu agora,

A pior, a que crava como espinho,

Nenhum raio de sol ali demora.

Quando a noite me encontra aqui sozinho

E no palco da vida desce o pano,

Só, no escuro, teu rosto eu adivinho.

Se o que foi tem um gosto amargo, insano,

Minha história prepara uma surpresa;

Vou viver do outro lado do oceano.

Desta terra, a magia resta ilesa

E um vidrinho de lama, bem escura,

Levarei na bagagem com certeza

Pra lembrar-me de ti, ó criatura...

nilzaazzi.blogspot.com.br