ELEGIA

Canto I

Essa que chora ante o caixão aberto,

Por quem dizias ter amor, eu sei,

Sofre por ti, um pouco, mas decerto

Seu coração lavrou a própria lei,

Na solidão sem tempo do deserto,

Sem abrir mão da liberdade, ao rei.

– Sob esse véu que cobre a tal tristeza,

Resiste a alma límpida e coesa.

Canto II

Bem vês agora que escapou inteira

Da servidão que lhe quiseste impor

E na conversa muda e derradeira,

Em teu respeito, um mínimo de dor

Expressa agora, à sua maneira,

Ainda presa ao súbito estupor.

– E nessa lágrima tímida que verte,

Reverencia o teu corpo inerte.

Canto III

Caminha sempre adiante com firmeza,

Embora saiba dar um passo atrás,

Para ajustar-se às leis da natureza

E avançar de forma mais vivaz...

Mantém consigo a esperança acesa,

E não espera pelos outros, mais...

– A vida é roda e pelo tempo gira –

O que é verdade, nunca foi mentira.

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