OCULTO
OCULTO
Chico Steffanello
Bolor, mofo e naftalina:
Menino ama menina
E eu passeio entre as criancinhas,
Táctil, nojento, gosmento
Porque o meu coração menino
Nasceu menina
E o meu coração menina
Nasceu menino
E eu escondi em pesados mantos,
A minha sina:
De não poder amar na minha condição
Humana.
Como, engordo e bebo vinho:
Não acredito mais nas minhas próprias mentiras
E te chamo de meu filho, minha filha.
Só não invejo a tua covardia, maior que a minha.
Teus pecados de sexo fui eu quem os criou
E vivo na minha ilha.
Da minha tragédia,
Fiz as tuas leis:
Percebi o teu pensar pequeno
E os teus olhos míopes
Sempre olhando para o chão.
Condenei tudo o que não tive
E o que eu quis que fosse livre,
O chamei de obsceno:
Da minha tragédia,
Fiz a tua prisão.
Escuridão, noite e medo.
Entre o vício e a política,
O meu poder:
Bato o meu cajado
E te digo o que é feio:
Entendo o teu mágico pensar
E o alimento de medo e fantasia.
Da cegueira da tua alma,
Me torno o guia:
Teu pai, teu condutor,
E sobre ti impero a minha vontade,
Agora, divina.