OCULTO

OCULTO

Chico Steffanello

Bolor, mofo e naftalina:

Menino ama menina

E eu passeio entre as criancinhas,

Táctil, nojento, gosmento

Porque o meu coração menino

Nasceu menina

E o meu coração menina

Nasceu menino

E eu escondi em pesados mantos,

A minha sina:

De não poder amar na minha condição

Humana.

Como, engordo e bebo vinho:

Não acredito mais nas minhas próprias mentiras

E te chamo de meu filho, minha filha.

Só não invejo a tua covardia, maior que a minha.

Teus pecados de sexo fui eu quem os criou

E vivo na minha ilha.

Da minha tragédia,

Fiz as tuas leis:

Percebi o teu pensar pequeno

E os teus olhos míopes

Sempre olhando para o chão.

Condenei tudo o que não tive

E o que eu quis que fosse livre,

O chamei de obsceno:

Da minha tragédia,

Fiz a tua prisão.

Escuridão, noite e medo.

Entre o vício e a política,

O meu poder:

Bato o meu cajado

E te digo o que é feio:

Entendo o teu mágico pensar

E o alimento de medo e fantasia.

Da cegueira da tua alma,

Me torno o guia:

Teu pai, teu condutor,

E sobre ti impero a minha vontade,

Agora, divina.

Chico Steffanello
Enviado por Chico Steffanello em 05/02/2005
Código do texto: T3523
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