Eu amante

Caros companheiros,

Esse causo é de um amigo meu,

Rapaz muito faceiro.

Seu nome era Eu.

Eu era muito calmo,

Matuto vistoso,

A mulher era seu calo,

Nada mais gostoso

Nosso amigo cantava

Ao caminhar na rua.

Cruzou com moça casada,

Que não era mulher tua.

Cumprimentou-a com respeito,

Recebeu o improvável.

Mulher sacana, em Eu deu um beijo.

Ele pensou: “E agora o que eu faço?”

Eu ficou confuso,

Porém tentado.

De bom ela tinha tudo,

Até namorado.

Eu poderia ser amante?

Ou não levava jeito?

A dúvida era a constante,

Que batia em seu peito.

Em noite de luar,

Mocinha veio ao seu encontro.

Passaram a se amar.

Sem ver a chegada do sono.

O audaz marido,

De mocinha sacana

Descobriu o indevido,

Com sede de vingança.

No último luar de Outubro,

Foi em busca dos amantes,

Assentou em seu burro,

E saiu irante.

No matagal pantaneiro,

Mocinha e Eu

Vivia aos beijos,

No tempo que se perdeu.

O cabra macho,

Encontrou o casal.

Já muito irado

Pegou seu punhal.

Eu que não era ligeiro,

Corria dia e noite,

Até hoje não se sabe seu paradeiro,

Noticia não mais houve.