Bem Vindo à floresta
Pensando em sair deste mundo tão louco
e louco com estava
eu peguei um navio
pois onde eu vivia as pessoas me viam
mas ninguém me olhava
Fugi de repente
pensando em chegar onde não havia gente
saí sem destino naquele navio fantasma
sem ninguém viajei pra tão longe de casa
fui embora do meu lar
até chegar numa floresta
que de portas abertas
me convidava a entrar
Então entrei correndo
no labirinto de árvores e espinhos
procurando um lugar para descansar
e parecia dar voltas
vendo sempre as mesmas árvores
sem a nenhum lugar chegar
Foi quando cheguei a um canto estranho
e apareceu uma tribo inteira sorrindo pra mim
e um coro de esqueletos e espíritos atormentados
cantaram assim:
Bem vindo à floresta
onde acontece a festa dos índios canibais
onde eles come sua carne
e bebem seu sangue até não ter mais
Bem vindo ao lugar onde você morrerá
uma morte demorada demais
onde nós mesmo morremos
e agora vivemos como inimigos da paz
Então saí correndo
fugindo, suando, saindo
esperando a furiosa perseguição
e eles me perseguiam
e correndo sorriam
já sabendo onde ela ia dar
Por cada árvore agora
um osso, uma nova memória
uma lembrança de uma vida ceifada
me saudavam e avisavam
que por mais que eu corresse eu iria parar
pois ali era a casa deles
e na posição onde eu estava eu seria o jantar
Bem vindo à floresta
onde acontece a festa...
bem vindo à floresta
onde você morrerá...
Agora já tarde eu percebi que fugi
só para me matar
pois se antes as pessoas não me notavam
agora elas me perseguiam
prestes a me alcançar
Era o início da festa
aquela que começa com uma pessoa fugida
e a dor não parava, ela só aumentava
e cada vez mais distinto
eu ouvia o refrão dos espíritos:
bem vindo à floresta onde você morrerá...
Arrependido, nem um pouco
já me sentindo meio morto
com o vermelho do meu sangue
a me impedir de enxergar
morrendo com sono, matando a fome dos índios canibais...
O coro cantando, o sangue espirrando
e minha alma sendo arrastada pra trás
a última gota fechou meus olhos, tampou meus ouvidos
e eu já não sentia nada mais
esquecido do mundo, agora só um defunto
me juntando ao coro
cantando a música que me assustava tão pouco tempo atrás
Bem vindo à floresta...
bem vindo à festa...
bem vindo ao coro
bem vindo à morte
Agora olhe pra baixo e esqueça de tudo
olhe seu corpo morto e cante conosco
Bem vindo à floresta
(eu já sabia de cor)
onde agora vivemos
(mas mente eu não tinha mais)
como inimigos da paz...