OS OLHOS
O homem que vês na janela da minha casa
Não sou eu!
Vês o que vês,
Pensas o que pensas,
E pensas que me vês...
É que nunca reparastes nos meus olhos,
São vazados:
Duas covas sem fim,
A princípio escuras, depois nem sei...
Há tantos que não olham para dentro de mim...
Os que olharam,
Depois de tudo o que viram
Pelo caminho até no fundo,
Dizem apenas que é um espelho que há
No fundo dos meus olhos abissais
E se espantam
Porque lhes parece que ainda há
Outro tanto para se andar...
Estais vendo?
Nem se quer perguntam
De que natureza é o espelho...