Sou a bebê morta

Escrever é inspirar monóxido de carbono

e aroma de brigadeiro,

idéias,

uma antiga paixão,

algumas palavras esquecidas que saltam do lápis

e até assustam os olhos sobre o caderno.

Escrever é encurvar a coluna,

é marcar de nanquim cada vértebra,

é marcar com uma lágrima cada verso,

é encontrar o avesso do contrário e o

improvável, tão palpável agora.

Escrever é nunca esquecer uma miudeza,

uma bugiganga em uma caixinha velha,

é não permitir que o eu futuro subestime o

eu presente,

permitindo olhar o eu passado e reconhecer:

EU.

Escrever é a libertinagem,

escrevo as fraquezas e as escrevo bem forte,

nunca serão apagadas.

Escrever é um fim em si mesmo,

e quando se acabam as sentenças não

há como forçar:

da mesma maneira do amor e da morte,

o ponto final intransponível.

Alheio a nós mesmos.

Como só pode ser nosso eu mais profundo.

Dawn
Enviado por Dawn em 18/07/2005
Código do texto: T35392