Um outro dia D...

A mesma mesa de madeira boa e antiga,

Ainda serve aquela conhecida comida estragada.

A já batida cadeira de balanço,

Não se cansa em carregar a estatua de minha avó.

São os traseiros já conhecidos que tiram todo o pó

Do sofá usado e encardido.

O piano ainda insiste em chorar

A mesma melodia do passado.

E a cena do porta-retrato

É novamente encenada.

Os rostos, as piadas, as lamentações

São as mesmas do verão passado.

As desilusões, as dores, as mortes

Continuam contidas e renovadas.

Os sorrisos tímidos, as crenças desesperadas

Estão servidas nas taças de vinho.

A reza da meia noite ainda é a mesma

Que incomoda meus ouvidos.

São os mesmo parvos

Que comemoram a renovação da mesmice,

Com o peito estufado de esperança,

Naquele conhecido dia denominado NATAL.

Rafaela Rezende
Enviado por Rafaela Rezende em 22/01/2007
Reeditado em 01/12/2007
Código do texto: T354760