HOJE

Ao som da primitiva voz do instrumento

Alento de inúmeros tons e semi-tons

Percuto letras perdidas nas consoantes embaralhadas de minhas retinas translúcidas

e no primeiro silêncio

danço

acordo o caos

Propago

frases desentranhadas do universo lascivo e alterado de minha garganta

Momento de nunca acabar

canto!

Estanco em sambas, maxixes e maracatus

no choro das cuícas, na alegria do agogô, do repinique, dos surdos, triângulos, afoxês, ganzás e berimbaus

Reco-reco, paus de chuva

Tamborins de todas mudanças

à minha volta o universo gira,

rodopia nas voltas da porta-bandeira

no bumba meu boi do frevo solto

nos terreiros de umbanda

na pele dos atabaques

na roda da capoeira

no transe de todos os santos

pernas mãos olhos

Márcio Barreto
Enviado por Márcio Barreto em 22/01/2007
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