Réquiem para a Musa

Oh musa bela

lânguida e falsa

Vulto secundário de sua trupe de vocativos

És linda e teu vazio causa

Comoção naqueles doidos poetas

Mas teu rubor não me interessa

Busco picos, esquinas, a irregularidade

Um sobressalente

nem que seja morfológico

Uma saliência

um resquício escatológico

Uns peitos, a maça, a humana costela.

Eu te chamo...

doçura diabética

E te violo com minha caneta torta

Mutilada, cubista, desprovida de ética...

Assim me interessas:

o que te resta!

Eu sou a musa morta!