FUNERAL DAS HORAS

Quantas vezes morreremos para a vida

Neste ato de açular, em nós, a pior metade?

Em que pese a revoada dos sonhos floridos

Pelos céus das madrugadas de terror

Ou a insistência da luz solar

Ante as paredes enegrecidas pelo limo

Destes dias de inglória

O homem é aquele que assiste, antes resoluto

[que perplexo

O definhar silencioso da esperança

Foram-se os lenços, vazios de si

Ante a inexistência de lágrimas enxugáveis

E todos os espelhos para sempre enterrados

Vez que as faces agora descrevem em uníssono

Um só semblante calcificado, ermo de sentimentos

Já não há desespero ou dor na tez pálida

Dessas novas manhãs

Assim sendo,

Marchemos silenciosamente rumo ao futuro

Pois a vitória é uma bandeira a ser hasteada

Sobre as cinzas das nossas lembranças

* * *

Goiânia, 22 jan 2007

Glauber Ramos
Enviado por Glauber Ramos em 22/01/2007
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