My ass in concert II
Adivinhar pensamentos?
Não possuo tamanha tecnologia.
É que cínico por natureza,
ator por definição,
não moldo formas definitivas.
As coisas vão se amontoando e
cada um vê no aglomerado,
aquilo que mais fala ao seu instinto.
Há quem veja grandes dinossauros,
há quem veja musas floridas,
Há quem veja Deus disfarçado,
há quem veja senhoras homicidas,
há quem não veja nada,
há quem não tenha paciência,
há quem veja um letrista canalha,
mas tudo é efeito de sua própria ironia.
Está tudo pornograficamente disposto,
faça o poema que melhor lhe couber.
Só ofereço as palavras empilhadas,
e cada um engole o que quer.
Seja poema de auto-ajuda,
seja reflexão da superficialidade,
seja um código com ruídos,
seja minha santa paciência.
Cheguei à conclusão que não preciso pensar,
se as palavras pensam por mim,
se o interlocutor torce e quebra as imagens,
e vira endorfina ou hieroglifos mudos.
Não mude a cor do capim.
Ou de fome, morrerão tantos assim.