Crepúsculo de outono

Esther Ribeiro Gomes

Caem as folhas da velha árvore

e se esparramam pelas calçadas tristes...

Tantas pessoas passam por elas, indiferentes,

sem perceberem a melancolia do dia que fenece

e meu olhar, junto à paisagem, se entristece!

No crepúsculo de mais um outono,

sigo entre as folhagens desbotadas

pelas longas alamedas do abandono,

a derramar furtivas lágrimas que teimam chorar,

na solidão impiedosa das insones madrugadas...

Gerânios se debruçam na janela, comovidos,

ao sentirem o doce perfume das rosas

junto aos soluços que não consigo reprimir,

pois sei que mais outonos hão de vir,

a espalhar suas folhas sobre meus tristes ais...

E sem olhar para trás, sigo meu caminho,

sorvendo devagar a velha taça de vinho,

a celebrar a vida muito bem vivida,

daqueles dias que não voltam mais!

Esther Ribeiro Gomes
Enviado por Esther Ribeiro Gomes em 25/03/2012
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