este poema não têm título
Em tudo existe poesia,
mas as palavras querem mais
do que a cotidiana monotonia
E escolhem o verso vivaz
O poeta também usa borracha
Apaga a indisciplina das letras
Reprime toda idéia mordaz
Escreve amor, alegria e alguma rima
É triste a vida do poeta,
que insiste nesta monotonia
com o lápis e o papel, e a fina ironia
vive rabiscando um esboço
E o poema, desentendido do mundo
tem em seu rosto moço
A pueril juventude mal formada
ainda que muito seja profundo
Raramente compreende seu criador
E transmite com a palavra errada
A idéia linda que na alma sobeja
O lápis não pára
e o ser que o empunha
não se cansa
e usa sua criatura
como sua arma
contra a vida mansa
Quem escreve risca
ri da loucura, arrisca
fere as frases, roi, arruma
derruba, erra, corrige
e encerra.
12/10/2006