PAI
Paternidade etílica e visionária
Nas patas dos cavalos jogava a sorte
Um ano de trabalho esmagado nas raias do hipódromo
Novos e mesmo tempo vivido em agruras
Suor misturado às lágrimas banhava as faces
Palavras e gestos brutos encarceravam a doçura
Imobilidade engessava as carícias...
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Passado hostil em cena relembrando as dores
Mantém a esperança viva de um amanhã mais ameno
A luta dos pequenos para virem a ser grandes
Na grandeza que só a dor proporciona
Na inocência da criança que sorri...
Amanhecendo a cada dia mais adulta
Pela labuta diária contra a fome de amor.
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Segue o rio caudaloso o seu curso
Águas turvas e profundas deixam marcas e alteram a geografia.
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O menino vira homem e conhece a paternidade
Entende agora o seu velho, que era tão covarde...
Ama ao pai errante, mesmo sem a sua presença
Sabe, que do jeito dele, nunca o abandonou
Que a vida foi ingrata, mas que ele o amou.
Carmen Rubira - Janeiro, 2007.